Assados, ensopados, cozidos, grelhados e até mesmo crus.
A escolha é sua, mas uma coisa é certa: além de deliciosos, os peixes são
uma das melhores opções para o seu cardápio quando o assunto é saúde.
E o motivo é simples. Ricos em proteínas, vitaminas e outros nutrientes
indispensáveis à alimentação, são menos calóricos que as carnes
vermelhas. Os peixes são uma fonte essencial de gorduras poli-insaturadas
do tipo ômega 3, que desempenham papel protetor das artérias, diminuindo
a incidência de doenças cardiovasculares.
“De todas as opções de proteína de origem animal, como carne, frango,
ovo, leite e derivados, o peixe é a que tem menor valor calórico e menor
teor de gordura saturada”, esclarece o endocrinologista carioca Guilherme
de Azevedo Ribeiro, autor dos livros Dieta Nota 10 e Cardápios
Nota 10 (ambos da Editora Bertrand), que tem entre seus clientes
famosos como Carolina Dieckmann, Daniela Escobar, Patrícia Poeta,
William Bonner e Fátima Bernardes.
Com tantas vantagens, o peixe tornou-se um ingrediente central da culinária
em todo o mundo – desde a tradicional cultura amazonense às mais
requintadas e ousadas criações da gastronomia mediterrânea.
Neste especial, você vai descobrir os benefícios do uso de peixe na sua
alimentação. Também conhecerá as variedades mais comuns em diversas
regiões do planeta e verá as características de cada uma delas. E, claro,
terá receitas especiais para colocar mais peixe em seu cardápio.
Bom apetite. E muita saúde.
Versáteis, gostosos e fáceis de preparar, os peixes trazem
enormes benefícios à saúde. São ricos em elementos essenciais
para nosso organismo, como as vitaminas A, B, D e E, além, claro,
das gorduras poli-insaturadas.
Veja algumas razões para colocar esse alimento na sua mesa
com frequência, de acordo com informações fornecidas por
Guilherme de Azevedo Ribeiro, endocrinologista, autor dos livros
Dieta Nota 10 e Cardápios Nota 10 (ambos da Editora Bertrand);
Heno Ferreira Lopes, autor do livro A Dieta do Coração (Editora Abril),
livre docente em cardiologia pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo e médico assistente da Unidade de
Hipertensão do Instituto do Coração (Incor); Mariana Axel,
nutricionista do Hospital Samaritano, de São Paulo; Marlise Stefani,
nutricionista, especialista em alimentação coletiva e nutrição
geriátrica e diretora da clínica Nutritécnica, de Porto Alegre; e
Nabil Ghorayeb, cardiologista do Hospital do Coração (HCor) e do
Instituto Dante Pazzanese, de São Paulo.
Os peixes contêm gorduras poli-insaturadas – o ácido docosahexaenoico (DHA) e o ácido eicosapentaenoico (EPA) – do tipo ômega 3, que desempenham papel protetor das artérias, diminuindo a incidência de doenças cardiovasculares.
“Essa substância diminui a agregação das plaquetas, ou seja, reduz a viscosidade do sangue, tornando-o mais fluído”, diz Nabil Ghorayeb, cardiologista do Hospital do Coração (HCor) e do Instituto Dante Pazzanese.
O ômega 3 ajuda a controlar as taxas de colesterol
por diminuir os triglicérides, que são tipos de
gorduras produzidas pelo próprio corpo ou ingeridas
nos alimentos, e aumentar o HDL (lipoproteína de
alta densidade, high density lipoprotein, em inglês),
que é o colesterol bom. Manter os níveis sob
controle é essencial para uma vida mais saudável,
já que taxas elevadas do mau colesterol na corrente
sanguínea estão associadas ao aparecimento de
doenças coronarianas.
O ômega 3 pode ajudar no controle da pressão arterial.
Segundo Heno Ferreira Lopes, autor do livro
A Dieta do Coração (Editora Abril), livre docente em
cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo e médico assistente da Unidade de Hipertensão
do Instituto do Coração (Incor), essa é a constatação de uma
pesquisa australiana que monitorou em ambulatório, durante
24 horas, a pressão de hipertensos antes e depois da inclusão
na dieta de peixes de água fria, como salmão e sardinha, que
são ricos em ômega 3.
“A pesquisa apontou que, com o consumo diário de cerca de
100 gramas de sardinha (o equivalente a 4 gramas de ômega 3),
por exemplo, há uma redução significativa da pressão arterial”,
diz o médico. Isso, consequentemente, reduz os riscos de
doenças do coração.
O ômega 3 presente nos peixes – e também em alguns outros alimentos, como determinados
tipos de óleo, linhaça e abacate – pode atuar na regeneração de células nervosas,
influindo no combate à depressão e aos distúrbios do sono.
Por atuar no sistema nervoso, o ômega 3 pode diminuir o
risco de desenvolvimento do Mal de Alzheimer, de acordo
com estudo da Universidade da Califórnia.
Segundo a pesquisa, o ômega 3 pode reduzir a produção
de duas proteínas associadas ao desenvolvimento da
doença degenerativa.
O ômega 3 presente no peixe pode reduzir a gravidade dos danos cerebrais causados por acidente vascular
cerebral (AVC). Segundo pesquisa realizada na Universitè Laval, no Canadá, o consumo de ômega 3 cria
um ambiente anti-inflamatório e neuroprotetor no cérebro. Isso evita uma resposta inflamatória aguda que,
se não for controlada, é prejudicial ao tecido cerebral e pode causar sequelas.
Para as gestantes, o peixe também é parte vital da dieta.
Cientistas do Instituto Statens Serum, de Copenhague,
publicaram um estudo na revista British Medical Journal
em que demonstram que o ômega 3 ajuda a prevenir o
parto prematuro.
O mecanismo para esse efeito não é totalmente claro, mas acredita-se que ele envolve os eicosanoides, hormônios importantes para o funcionamento do organismo e para o parto por se associarem à maturação cervical – e que dependem justamente da ingestão de alimentos contendo ômega 3 para serem produzidos pelo organismo.
As gorduras ômega 3 também favorecem o desenvolvimento
cognitivo e a visão. Isso porque o ácido docosahexaenoico
(DHA) do ômega 3 atua na formação do cérebro, segundo
o mesmo estudo do Statens Serum.
Peixe também contém ácido fólico, elemento essencial na
nutrição das gestantes especialmente no primeiro trimestre,
por estar envolvido diretamente na formação do sistema
nervoso do feto.
O ômega 3 pode ajudar a perder aqueles quilinhos extras.
Segundo a nutricionista Mariana Exel, a substância colabora
na queima de gorduras ingeridas, melhorando o controle do
nível de açúcar no organismo e a capacidade de transportar a
glicose do sangue para as células.
Além disso, “de todas as opções de proteína de origem animal, como carne, frango, ovo, leite e derivados, o peixe é a que tem menor valor calórico e menor teor de gordura saturada”, esclarece o endocrinologista carioca Guilherme de Azevedo Ribeiro, autor dos livros Dieta Nota 10 e Cardápios Nota 10 (ambos da Editora Bertrand).
O ômega 3 ajuda no alívio das dores e do inchaço causados pela artrite reumatoide devido à atividade anti-inflamatória promovida pelos ácidos graxos poli-insaturados dessa substância, segundo a nutricionista Marlise Stefani.
Para os diabéticos, o ômega 3 melhora a atuação da
insulina, hormônio fabricado pelo pâncreas e capaz de
tirar o açúcar da circulação sanguínea. O ômega 3 ativa
uma proteína celular chamada PPAR-gama. Acelerada,
ela potencializa a atuação da insulina nas células,
facilitando sua tarefa de converter açúcar em energia.
“O ômega 3 não é um remédio contra o diabetes,
mas se revela como um importante aliado”, diz Mariana
Axel, nutricionista do Hospital Samaritano, de São Paulo.
Cerca de 20% do peixe é composto por proteínas, que são
importantes na dieta por contribuir para o crescimento e a
manutenção do organismo.
“Proteínas são especialmente úteis na fase de crescimento, daí a importância de estimular crianças a comer peixe regularmente”, lembra a nutricionista Marlise Stefani.
O peixe tem uma composição nutritiva muito parecida
com a da carne vermelha, embora seja mais fácil de
digerir por ter menos fibras conjuntivas e tendões.
“O peixe tem proteínas com alta qualidade biológica
e é rico em vitaminas A e D e em sais minerais”, diz
Marlise Stefani.
Os peixes, que também podem ser consumidos crus em
iguarias japonesas, são ricos em vitaminas lipossolúveis
(solúveis em gorduras), como A, E e D.
A vitamina A é necessária para regenerar as células e
fomentar o bom funcionamento dos nervos óticos,
cuidando da retina. Também age como antioxidante,
combatendo os radicais livres que aceleram o
envelhecimento e estão associados a algumas doenças.
A vitamina D, também presente nos peixes, assegura a correta
assimilação de cálcio e de fósforo pelo organismo. "É muito
importante para mulheres maduras, pois ajuda a prevenir e
combater a osteoporose", garante a nutricionista
Marlise Stefani.
O complexo B (vitaminas B1, B2 e B6) fortalece o sistema nervoso e ajuda no
crescimento e no bom estado da pele, linha das unhas e da visão. Também facilita a
transformação dos alimentos em energia e ajuda na manutenção dos músculos.
Os peixes também são ricos em vitaminas
hidrossolúveis (solúveis em água), como a niacina,
presente nas reações químicas de liberação de
energia do corpo, e o ácido pantotênico, essencial
no metabolismo de proteínas, carboidratos e
gorduras.
Os minerais também são encontrados em grande
quantidade na carne de peixe.
Entre eles estão sódio, potássio, magnésio, cálcio,
ferro, fósforo, iodo, flúor, selênio, manganês, zinco e
cobalto.
O peixe contém cálcio, mineral que contribui para a
formação dos ossos e dos dentes. Também ajuda na
coagulação, na contração muscular e em funções do
sistema nervoso e do coração. Sua falta provoca
ossos e dentes frágeis, além de dores nas costas e
nas pernas.
Além do cálcio, os peixes têm outro componente vital para a manutenção dos dentes saudáveis.
Trata-se do flúor, um importante aliado na prevenção das cáries.
21- A força do ferro
O ferro permite a formação da hemoglobina e ajuda a metabolizar as
proteínas, favorecendo, principalmente, o crescimento de crianças e
adolescentes. Quando não ingerido na quantidade adequada, pode
provocar debilidade, palidez e anemia.
O iodo natural do peixe é necessário, em pequenas
quantidades, para a função da glândula tireoide, responsável
pela produção de diversos hormônios, assim como para o
metabolismo das gorduras e uma série de processos
bioquímicos.
Mas evite consumir o peixe com muito sal ou excesso de
molhos tipo shoyu, que têm alto teor de sódio e podem
contribuir para a elevação da pressão arterial.
Por ser rico em vitaminas e sais minerais,
o peixe ajuda a prevenir anemia, por conta
do suprimento de ferro, além de fortalecer
o sistema imunológico e o desenvolvimento
cerebral, muito importantes em fases da vida
em que a saúde requer ainda mais cuidados,
como a infância e a terceira idade.
O peixe com a maior concentração de ômega 3 é a sardinha. “Além de ser mais barata que a maioria
dos peixes, tem praticamente o dobro da quantidade de ômega 3”, diz o cardiologista Nabil Ghorayeb.
Mas cuidado com um detalhe: a sardinha geralmente vem imersa em óleos ou molho de tomate.
Na dúvida, fique com a segunda opção, que contém menos gordura.
Os peixes são fáceis de serem preparados:
podem ser servidos empanados, assados,
ensopados, cozidos, grelhados e até mesmo
crus.
A melhor forma de preparo dessas iguarias,
no entanto, é cozido ou grelhado, segundo o
endocrinologista Guilherme de Azevedo Ribeiro.
Os especialistas em saúde não recomendam a fritura por
conter gorduras saturadas, diminuindo ou até mesmo
anulando os efeitos positivos das gorduras poli-insaturadas
dos peixes.
“E tire a pele do peixe antes de seu preparo: é lá onde está
o mau colesterol”, diz o cardiologista Nabil Ghorayeb.
É importante atentar para a escolha do peixe. A nutricionista
Marlise Stefani dá dicas: se fresco, verifique se o olho está brilhante,
com a pupila escura e a íris branca ou amarelada. Ao apertar o peixe,
sua carne não deve ceder - sinal de que está passado.
As brânquias devem estar vermelhas ou rosadas e úmidas.
O cheiro deve lembrar o de maresia; odor ácido ou azedo indica
deterioração. Cuidado também na escolha de congelados.
"Cerifique se o produto contém um selo de qualidade e verifique
se está no prazo de validade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o peixe fresco deve
ser acondicionado em um recipiente bem fechado e colocado no refrigerador logo após a
compra. É recomendável consumi-lo, no máximo, em dois dias.
Peixes cozidos também precisam ser guardados em geladeira em uma embalagem
hermeticamente fechada. Devem ser consumidos em, no máximo, quatro dias.
Os peixes também podem ser adquiridos enlatados, como
atum, sardinha e aliche; congelados; salgados, como o
bacalhau; ou defumados, como arenque, salmão ou truta.
Em relação ao peixe fresco, as propriedades nutricionais
dos peixes enlatados ou congelados são quase inteiramente
mantidas. Segundo a nutricionista Mariana Axel, há uma
pequena perda de vitaminas, mas os sais minerais e demais
propriedades nutricionais são mantidos.
O peixe possui nutrientes que auxiliam na criação de
defesas naturais do organismo contra doenças que
intervêm no crescimento e desenvolvimento do corpo.
É rico em aminoácidos essenciais, que não podem ser
produzidos pelo corpo e, portanto, só podem ser obtidos
pelos alimentos. Um exemplo é a arginina, que atua nas
divisões das células, ajudando na cura das feridas e na
imunidade às enfermidades.